NÃO PIRA, SE INSPIRA!!!

Pintura de Guignard, renomado artista que viveu em Ouro Preto e pintou sua belezas

Olá meus queridos Eventuais!

O post de hoje foi feito como inspiração à um dos passeios mais encantadores que se pode realizar por aqui nas redondezas de Minas Gerais. Estou falando especificamente da cidade de Ouro Preto, antiga capital de Minas, que carrega consigo muitas e muitas histórias para contar do Brasil de tempos atrás.

Uma dessas histórias me despertou a vontade de escrever. Passeando pela Casa dos Contos (vou deixar o endereço no final do post para quem quiser conhecer) me deparei com uma sala inteirinha de livros antigos! Sonho, para nós que amamos a literatura, não é mesmo?

Foto: Eventual Obra de Ficção

Um livro que me chamou muita atenção, foi um dos primeiros exemplares da obra intitulada Marília de Dirceu, livro publicado por um dos famosos autores brasileiros da época da inconfidência mineira, Tomás Antônio Gonzaga.

O livro basicamente é feito de poemas românticos dedicados à musa do escritor Maria Joaquina Dorotéia Seixas. Na época, a moça tinha apenas 14 anos e havia sido prometida em casamento à outro homem, o que tornava o amor dos dois quase impossível. Digo quase, pois, mesmo o poeta Tomás tendo quase o triplo da idade de sua amada, ele adotou o pseudônimo de Dirceu, para escrever poemas apaixonados para Marília, nada mais nada menos do que a própria Maria Joaquina. Assim, de certa forma, ele conseguiu expressar sua paixão por ela através dos versos.

LIRA VII*

"Ah! não presumas,

Que um peito amante

Seja inconstante,

Terno Dirceu;

Ele que a lira

Tua escutando

Foi se inflamando

Do fogo teu.

Que importa exista

Inda viçosa

A árvore frondosa,

Aonde gravou

A tua destra

Meu juramento,

Que em esquecimento,

Me não ficou.

Hoje viçosa

A olaia existe,

Hoje resiste

Ao furacão;

Porém que importa,

Se dentro em breve

Um sopro leve

Prostra-a no chão?

Oponha embora

Sua ira a sorte,

Oponha a morte

O seu furor;

Sempre em meu peito

Eterna dura

Terá a jura

De meu amor.

Vive ditoso;

Sou tua amante;

Leal, constante,

Me mostrarei;

E como a rocha,

Que o mar combate,

E não abate,

Firme serei."

Conta-se também que há um local onde os pombinhos se encontravam de longe, só para se olharem, chamado Ponte dos Suspiros, nome bem sugestivo para o que acontecia entre os dois naquela época. Entre vários encontros assim, nasceu a famosa obra do poeta, "Marília de Dirceu" que eterniza esse amor platônico.

Inspirador né Eventuais! Os restos mortais de Maria Joaquina, ou para os mais íntimos Marília pode ser encontrado no Museu da Inconfidência, também em Ouro Preto.

Lugares para conhecer: 

Casa dos Contos - R. São José, 12, Ouro Preto - MG

Museu da Inconfidência - Praça Tiradentes, 139 - Centro Histórico, Ouro Preto - MG