Eu realmente não gostaria de estar lendo esse livro quando toda a tragédia de Suzano aconteceu. Estava lá pela metade do livro quando o massacre foi anunciado nos noticiários. É estranho como a história tomou um outro rumo para mim, pois se tornou tão real e palpável, como algo que acontece bem ali na esquina, que foi difícil terminar a leitura.
É claro que depois de todo o ocorrido, é impossível não se sensibilizar com a narradora da história, Eva, mãe de Kevin, um psicopata adolescente.
Através de cartas endereçadas à Franklin, seu marido, e também pai de Kevin, Eva vai descrevendo trechos do passado e seus sentimentos no presente. No começo o livro se mostra lento e não poderia ser diferente... Eva vai retirando aos poucos o véu que cobre a espera de Kevin, os nove meses angustiantes em que não se sentia conectada ao próprio filho; descreve aos poucos a infância de Kevin, um menino sempre apático, de poucos interesses que só tinha brilho aos olhos do pai. Kevin é a típica criança, onde logo se detecta uma raiz de maldade tão grande, que é impossível para nós, leitores, não nos sensibilizarmos com a tentativa de Eva em fazer o melhor para o seu filho e tentar de todas as formas demonstrar para ele algum carinho. Mas para isso, seria necessário que seus olhos estivessem completamente fechados para todas as situações estranhas com que o garoto vai se envolvendo.